REFLEXÕES SOBRE AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
DÉBORA SCHNEK
COORDENADORA PEDAGÓGICA
Ao começar um ano ou finalizá-lo... bem como no processo anual que vai realizando, as avaliações vão tomando espaço, força e dimensões conclusivas sobre os alunos.
Porém, o cuidado e o rótulo trazido destas dimensões, que vão sendo concluídas, é o calcanhar de Aquiles do professor. O professor deveria usar menos rótulos e tirar menos conclusões. O termo conclusão é usado quando algo está terminado; não adequado para representar a situação de um aluno que passa por um processo avaliativo.
O professor poderia deixar de usar: "Não aprendeu nada!", "Evoluiu tão pouco!", "Aff, essa avaliação este aluno foi incapaz de fazer."... Até consigo ver o olhar do professor falando e virando os olhos, feliz por ver que a sua conclusão estava tão certa. Será? Normalmente o professor poderia fazer muito mais, ajudar os alunos em suas dificuldades, auxiliando e tendo paciência para explicar mediando o que já sabe, com o que precisa ser conhecido.
A avaliação diagnóstica deveria ser usada nas escolas como um papel e um mecanismo de reflexão em saber o que o aluno sabe e sendo capaz do professor traçar as metas do que é necessário o seu aluno conhecer. Porém, este levantamento se faz insatisfatório quando apenas sabe o que precisa e não se traça o caminho a ser percorrido.
Fazer o levantamento dos conteúdos que precisam ser mais reestruturados e até mesmo legitimado ensinado é de suma importância... Mas, definir em como percorrer este caminho é a outra maneira de ver a avaliação de uma forma mais eficiente.
Para os alunos que vivenciam o processo de alfabetização e até mesmo para todos os anos do ensino fundamental, o professor precisa conhecer este caminho e se não conhecer estar disposto a conhecer.
Para então, sugerimos abaixo um modelo de avaliação diagnóstica; na qual avaliamos a escrita dos alunos.
Reconhecer onde os alunos estão (quando chegam a sua sala, ou quando o professor conhece a sala) e o que é necessário avançar com estes alunos, parece ser uma tarefa aparentemente fácil, mas que na prática exige um olhar minucioso do professor e de toda a equipe pedagógica.
Quando retratamos a equipe podemos deixar claro que todos se tornam responsáveis pelo fracasso e pelo sucesso de cada aluno. Então, não podemos conceber o fracasso como produto final da ação somente do professor. São os pais e responsáveis pela criança, a equipe gestora, o aluno, os funcionários.
Na alfabetização, optamos por uma avaliação simples, para observarmos a hipótese de escrita que cada criança se encontra. Optamos pelos personagens da Turma da Mônica e por fazer um desafio ortográfico ou sondagem (lâmina); cada lugar nomeia de acordo com a sua realidade.
DESAFIO DE PALAVRAS PARA O 1º ANO (CADA DESENHO UMA PALAVRA)
CEBOLINHA
MAGALI
BIDU
PÉS
Para os alunos do 2º ano até ao 5º ano, utilizamos frases de contexto simples com dificuldades média para a escrita.
O CEBOLINHA BRIGA SEMPRE COM A MÔNICA.
A MELHOR AMIGA DELA É A MAGALI.
MINGAU É UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO.
AS CRIANÇAS CORREM FELIZES.
COMO FAZER O DESAFIO?
Leia a frase com calma. Pelo ao menos 3 vezes.
Se for pedido: repita a frase quantas vezes necessário.
Identifique o número de palavras com o dedo em todas às vezes. (isso ensina sobre segmentação de palavras e para perceber que não existem apenas substantivos).
Passe entre as carteiras. Oriente o que for preciso.
TEXTO PARA SER LIDO: ATIVIDADE DE REESCRITA
OBJETIVOS:
(CADA ANO TEM SEUS OBJETIVOS, MESMO COM O MESMO TEXTO; OBJETIVOS ESPECÍFICOS; SABEMOS QUE CADA ANO TEM SUAS SINGULARIDADES E ESPECIFICIDADES; NÃO ESPERAMOS QUE O 1º ANO TENHA A MESMA DESENVOLTURA QUE O 3º ANO; DEVIDO QUE A VIVÊNCIA ESCRITA É MAIOR NO 3º ANO)
1º ano: Identificar a escrita. Elementos textuais e apropriação da linguagem escrita. Normalmente as crianças desta idade identifica os nomes e substantivos. Utilizam a lista como a forma de escrita mais adaptada a suas vivências. Escrevendo cada item numa linha. É a forma como eles conseguem apropriar mais a escrita e texto.
2º ano: Organizar a escrita. Usar elementos textuais, apropriação da escrita e organização de ideias de acomodação da escrita/ oralidade e sistematização da estrutura e parágrafos.
3º ano: Apropriação significativa da escrita de texto. Uso de ideias centrais como ideias e singularidades textuais. Apropriação da escrita alfabética/ortográfica. Sistematização do uso do gênero textual, estrutura, segmentação e parágrafos.
Na proposta da escrita de texto, saímos da zona de conforto da reescrita de contos e passamos para um texto biográfico, que conta brevemente a história do personagem Mingau.
· Mingau
Foi criado pelo Maurício de Souza em 1987.
É o gato de estimação da Magali. É preguiçoso e folgado sempre armando brincadeiras com sua dona e sendo alvo de ódio do pai dela devido a sua alergia.
Ele vem de uma família de 6 gatinhos que fora ele são na verdade 5 (Matias, Tita, Nestor, Lili e Percival) que são seus irmãos que ocasionalmente aparecem em algumas histórias.
Assim como Bidu, ele exibe uma inteligência SURREAL, chegando até a roubar cena de vez em quando, embora diferente, ele de comunica apenas por pensamentos. Mingau aparentemente não se dá muito bem com os cachorros do bairro (incluindo Bidu) que sempre o persegue.
COMO FAZER:
Faça ao menos 3 leituras.
Instigue os conhecimentos prévios. O mingau não é um gato muito popular entre as crianças. Mas tentem perguntar:
Como é um gato? Quais as características? Eles conhecem o mingau? Já leram história com este personagem? Expliquem que vocês irão fazer uma leitura com informações sobre este gatinho.
A criança que tiver contato com gibis ou videos da Turma da Mônica conseguirá responder tranquilamente, mas se o mundo letrado não contemplar este universo, pode ser que a proposta seja mais difícil, mas nada impede que você o apresente a sua turma. Não é esta a proposta da escola? Aumentar o conhecimento dos alunos, ampliando o repertório que configura a vida infantil?
DURANTE A REALIZAÇÃO DA REESCRITA (orientações para toda a vida):
CIRCULE PELA SALA. (importantíssimo; essa atividade é necessária que o professor esteja participando ativamente em seu processo; saiba das suas dificuldades e o professor possa fazer intervenção; não pode ser uma atividade livre, que o aluno apenas preencha a folha)
MOMENTO QUE OS ALUNOS PRECISAM DE INTERVENÇÃO. FAÇA INTERVENÇÃO.
SURGIRÃO PERGUNTAS: COMO É MESMO? QUAL O NOME DOS IRMÃOS? QUAL O NOME DO CACHORRO QUE PERSEGUE O MINGAU?
RESPONDA!!! (Se existem dúvidas; solucione!)
Essa atividade você pode aplicar 3 vezes na sua turma. No começo, no meio e ao final. Preferencia que seja o mesmo texto. Comparar com o próprio gênero, ajuda a identificar os avanços/regressões, E ajuda a identificar a apropriação da linguagem escrita.
1ª vez: Diagnóstico de como cada aluno se encontra. Avalie a proposta de escrita:
- Hipótese de escrita: alfabético, silábico alfabético, silábico com ou sem valor sonoro ou garatuja.
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SEBASTYAN 1º ANO - PROVA DIA 28/03 - PRÉ SILÁBICO |
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ANNA BEATRIZ 1º ANO - PROVA DIA 28/03 - SILÁBICA COM VALOR SONORO |
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GABRIEL1º ANO - PROVA DIA 28/03 - SILÁBICO ALFABÉTICO |
* No momento a sala do 1º ano não tinha nenhum aluno alfabético.
- Hipótese de texto: você pode utilizar para o 1º ano e 2º ano: identificou os substantivos? utilizou de algum conectivo?
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GABRIEL 1º ANO - ESCREVEU O TEXTO COLOCANDO APENAS OS SUBSTANTIVOS MINGAU E FAMÍLIA. ADICIONANDO O NÚMERO 6 PARA INDICAR O NÚMERO DE IRMÃOS. |
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SEBASTYAN - 1º ANO - ESCREVEU O TEXTO COLOCANDO LETRAS. COMO ELE É PRÉ SILÁBICO, AS LETRAS NÃO INDICAM SOM. PORÉM DEMOSTRA CONHECER A LISTA. |
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ANA CLARA - 2º ANO - USOU ALGUNS CONECTIVOS PARA ESTRUTURAR A FRASE DA REESCRITA. (AS LETRAS "O" NO INICIO DE CADA SUBSTANTIVO. ALÉM DA PALAVRA "ERA" ANTES DO ADJETIVO). |
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ANA LAURA - 3º ANO - COMEÇA A ESTRUTURAR AS FRASES. MAS NÃO ESTRUTURA O TEXTO AINDA. ESCREVE NÚMEROS DECOMPOSTO. ERROS ORTOGRÁFICOS E DE FONO. UTILIZA REPERTÓRIO DE PALAVRAS QUE NECESSITAM DE INTERVENÇÕES. PARA ESCRITA PRECISA COMPREENDER SOBRE PARÁGRAFOS (ESTRUTURA E PONTUAÇÃO) |
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EVELLYN - 3º ANO - COMEÇA A ESTRUTURAR AS FRASES E A ESTRUTURAR O TEXTO NUM ÚNICO PARÁGRAFO. ESCREVE NÚMERO E PRECISA COMPREENDER A MILHAR. ERROS ORTOGRÁFICOS E DE FONO. UTILIZA REPERTÓRIO DE PALAVRAS QUE NECESSITAM DE INTERVENÇÕES. PARA ESCRITA PRECISA AMPLIAR A VIVÊNCIA SOBRE PARÁGRAFOS (ESTRUTURA E PONTUAÇÃO). |
A primeira avaliação ela é diagnóstica e precisa ser pensada em todos os ambitos. Auxilia ter o conhecimento dos objetivos de cada ano quanto a produção escrita, e a partir do diagnóstico melhorar o desempenho dos alunos quanto a vivência da escrita de textos.
Para isso o professor deve:
- Oportunizar o máximo de experiência com o letramento e textos.
- Quanto a maior diversidade de portadores de gêneros textuais, maior a experiência dos alunos com a escrita.
- Ofertar as ideias de parágrafos. marcar em textos (apostila, livros didáticos, textos impressos de jornal e revistas) os parágrafos, numerá-los, dialogo sobre a ideia que cada um representa e amplia na história.
- Circular todos os pontos (pontuação) encontrados no texto com diferentes cores. (vermelho as virgulas, verdes os póntos finais, amarelo os de exclamação...).
- Encontrar os "conectivos" E, A, UMA, UM, ENTRE, QUE (são as palavras que usamos para ajudar o substantivo).
- Podemos pintar o que representa o substantivo. Mingau: gato, folgado e preguiçoso. Bidu: cachorro que vive atrás do Mingau.
- Agendar um dia ou mais na semana para trabalhar produção de texto e atividades de produção, com orientação.
Essas atividades pode ser aplicado em qualquer texto que o professor já tenha que trabalhar, tanto impresso quanto no próprio material didático utilizado.
2º APLICAÇÃO DA DIAGNÓSTICA: ao final do 2º Bimestre ou começo do 3º bimestre.
Objetivo checar os avanços e as dificuldades que permanecem. Traçar os novos desafios e os caminhos que deverão ser cumpridos e estabelecidos. Verificar quais as atividades deverão ser revistas e deverão ser organizadas. A quantidade de atividades realizadas no primeiro momento sanou as dificuldades? Precisa de atividades novas? Quais outras? Quais intervenções preciso realizar para resolver o problema? Preciso andar mais pela sala? Preciso sentar e fazer intervenção individual com estes alunos? Em qual momento farei isso?
3ª APLICAÇÃO DA DIAGNÓSTICA: Ao final do 4º bimestre.
Colocar a primeira avaliação e essa última juntas.
Comparar os avanços alcançados.
Fazer anotações das habilidades não adquiridas.