Por Débora Schnek
Neste trabalho viso refletir sobre a atuação do professor frente a sociedade.
Freqüentemente encontramos pessoas que usam o termo que o professor é acomodado, engraçado que ao longo da minha carreira, não é isto que tenho assistido.
Acredito que nunca a categoria professor esteve tão compromissada com a educação. Desde a pesquisa e trabalho em sala de aula, quanto a investimento em cursos e especialização. Numa roda de professores não há outro assunto que não seja escola, mesmo que nos encontremos por um acaso numa fila de supermercado, com uma cesta recheada pra um churrasco, mas a educação está ali presente, manifesta em palavras em sua troca de pensamento.
A praxe de planejar aula não é mais um desafio, é algo concreto, vivenciado. O professor planeja aula constantemente. Muitas vezes não há necessidade de um registro sistemático, burocrático em um semanário, ou num portfólio, mas o professor sabe exatamente, o que dar como dar e pra quem. O por quê? Isto está imbuído em conceitos, em acumulo histórico, num plano de curso inicial.
Fico indignada ouvir ainda que os professores não possuem compromisso. Mais quem fala isso são pessoas que estão muito distantes da sala de aula, que não acompanham o que anda acontecendo em suas entranhas, assumem velhos paradigmas, velhos conceitos como atuais. Nós professores devemos levantar voz, usar da autonomia, colocar em cheque esse mito. Pautado num velho contexto tradicional, que tradicionalmente, joga o velho como se não houvesse nada de bom. Não vou negar que há péssimos professores, assim como há péssimos engenheiros, médicos, dentistas. Mas o que acontece, é que a classe professorado é o contrario: ao invés da maioria solidificar, o mito foi construído sobre uma minoria, que acabou com a reputação Profissional de uma classe inteira. E o pior é a sociedade reproduzir isso como verdadeiro.
Nunca vi profissionais tão compromissados como agora. Mas estão sem nenhuma retaguarda. Envergonho-me de verificar que as pessoas, a sociedade estão deixando as coisas atingirem os patamares atuais, essa violência toda impregnada na escola, a falta de comprometimento familiar, a ausência de interesse dos alunos e o professor? Lá com sua aula preparada, com seus cursos, com sua vontade, lutando contra um sistema inteiro. E a culpa é do professor, devido ao longo do tempo ter se acostumado com este mito. E a sociedade, a política, o sistema aplaudem de pé a afirmação deste.
Enquanto nossa sociedade não mudar, virar a mesa, resguardar o professor, seguiremos assim, sempre pressionados e culpados pelos fracassos, sempre sendo vitimas de violências. Pois a sociedade política ainda não vê os professores com o olhar que estes vêem a educação; se sentissem este detonador (olhar do professor), os pais estariam presentes na educação desde ao falar com o filho até a ida ao mercado ou o sentar na calçada, o sistema iria antes de checar uma denuncia averiguar qual o histórico escolar, se este o possuir, e antes de colocar mais uma vez que a culpa é sempre do professor, iria refletir se ouviu (o sentido de checar, averiguar) as vezes que o professor avisou que o aluno estava apresentando em sala. Mas a omissão é muito grande, é preferível calar a boca de quem é mais fraco. Pois até isso o professor é educado, aceita a opressão.
No entanto, caros leitores, o professor está ali. Acreditando em mudanças, mas não deixo de lhes dar uma dica, guardem seus direitos, os conheça, não aceitem passivamente a opressão. O dialogo da cidadania é lindo, exercê-la requer praticar. Não deixem que sujem seu espaço. Limpe-o todo dia. Pois os únicos que num sistema publico, possuem hora de chegar e hora de sair firmemente determinado somos nós, temos horários fechados, mas em nossas casas, no nosso lazer levamos a educação conosco, coisa que ninguém faz. Pois nem os pais têm mais essa consciência, que são responsáveis pela educação do filho, não educa, não agem com amor, não dizem não. E sabem por que o fracasso está sendo determinante nas escolas? Por que a função da escola não é só transmitir conhecimentos, é passar valores, resgatar auto-estima, pois a sociedade não está dando conta do próprio fracasso e está jogando nas escolas. A sociedade família, política está fracassada e apesar da construção do mito do professor é neles que têm depositado esperanças, contradizendo afirmações que o professor não é comprometido. Se a única esperança somos nós e temos orgulho de sermos professores, está na hora de falarmos a mesma língua, dar respaldo a educação, exigir dos pais responsabilidades, comprometimento. Pois daqui a algum tempo teremos que ter um Estatuto do Professor e um país que precisa de tantas leis, é por que é muito pequeno em relação a resguardar direitos básicos, está engatinhando em seu processo civil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Espero que tenham gostado desta postagem!!! Isso mesmo aproveitem pra comentar... Amo comentarios!!!